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Remédio barra volta de tumor na mama

O Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos anunciou anteontem que um medicamento já utilizado para enfrentar um tipo de câncer de mama consegue cortar pela metade o risco da volta da doença depois de uma cirurgia. O anúncio foi feito em conjunto com a Genentech, empresa que fabrica o remédio.

Segundo alguns especialistas, os resultados são tão bons que o medicamento, o Herceptin, deverá se tornar parte padrão do tratamento pós-cirúrgico para algumas mulheres. De fato, os dois testes clínicos da droga pararam dois anos antes do previsto porque já provaram que ela impede as recaídas e prolonga a sobrevivência.

Mudança de prática

"É um resultado capaz de mudar a prática médica", afirma Edith A. Perez, da Clínica Mayo em Jacksonville (Estado da Flórida), pesquisadora-chefe de um dos testes. Perez afirmou que a redução das recaídas era "o maior avanço da pesquisa clínica em câncer de mama da minha vida".

No entanto, é bom ressaltar que os resultados se aplicam apenas a cerca de 20% a 30% das pacientes, cujo tumor tem uma determinada mutação genética. O Herceptin funciona apenas nesses tumores.

O remédio já está aprovado para tratamento de tumores de mama que voltaram depois de uma cirurgia ou que se espalharam para outros lugares do corpo. Vários medicamentos quimioterápicos já são usados para impedir o retorno do câncer, procedimento denominado terapia adjuvante. Para certos cânceres, também são utilizadas drogas hormonais, como o tamoxifeno.

Os resultados dos dois novos testes mostraram que o remédio reduz as recaídas (ou recidivas, como também são chamadas) em 52%. Depois de quatro anos, apenas 15% das mulheres estudadas que receberam o remédio tinham tido uma recidiva, em comparação com 33% das que só receberam quimioterapia.

Os dois testes começaram em 2000 e envolveram 5.000 pacientes, embora a análise estatística que resultou no estudo tenha se baseado em apenas 3.300 delas. Perez afirma que mais dados serão revelados quando o estudo for apresentado na reunião da Sociedade Americana de Oncologia, que acontece no mês que vem.

Todas as mulheres são HER2-positivas, em referência à característica genética que permite que uma paciente use o Herceptin. Todas tinham câncer operável, o qual, na maioria dos casos, tinha se espalhado para os nódulos linfáticos. A função do medicamento é bloquear a proteína HER2, que é liberada pelas células tumorais e as faz crescer.

Os tumores que o Herceptin consegue enfrentar têm níveis anormalmente altos dessa substância. Também tendem a ser agressivos e parecem ser menos suscetíveis ao tratamento com tamoxifeno, afirmam os médicos. Por isso, a necessidade de achar uma forma de tratá-los é maior.

Segundo Clifford Hudis, do Centro do Câncer Sloan-Kettering, em Nova York, os resultados são "uma grande notícia", porque o uso da droga logo após a cirurgia afetaria mais mulheres e poderia mantê-las livres de tumores. "Uma coisa é tratar uma doença recorrente outra é impedir a recidiva de uma vez", afirmou.

Contudo, ele diz que os médicos devem esperar os resultados completos antes de receitar o remédio. A droga pode causar problemas de coração, e é preciso analisar os dados dos testes clínicos para verificar a severidade desses efeitos.

Fonte: Folha de São Paulo, 27/04/05
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