Câncer de Mama e Diagnóstico Precoce - A melhor solução
O câncer de mama é provavelmente a patologia que maior temor causa às mulheres, por ser de freqüência elevada e pelos efeitos que causa em nível psicológico, afetando sua sexualidade e a própria imagem pessoal1. Essa patologia está se tornando cada vez mais freqüente em todas as partes do mundo, sendo considerada o segundo tipo de neoplasia maligna mais incidente e o primeiro entre os cânceres ginecológicos1,2.
No Brasil, a estimativa para o ano 2010 é de 49.240 casos novos, com risco estimado de 65 mulheres para cada 100.000 na região sudeste1. Aqui, assim como no mundo, o câncer de mama é a primeira causa de morte de mulheres entre 35 e 54 anos1,3,4. Na população mundial, a sobrevida em cinco anos após o diagnóstico da referida doença é em torno de 61%1.
Fatores que aumentam o risco para o câncer de mama:
Sexo
O câncer de mama têm uma incidência rara nos homens, sendo de um caso para cada cem mulheres acometidas pela doença5,6.
Idade
Mulheres com idade entre 35 e 65 anos têm um risco maior para o desenvolvimento do câncer de mama, e ocorre um aumento de risco com o progredir da idade, sendo que aos 60 anos, 17 em cada 100 mulheres podem vir a ter esse tipo de câncer num período de 5 anos6.
Fatores hormonais
A exposição ao estrógeno e progesterona tem uma associação importante com a patologia, pois são estes hormônios que promovem a atividade proliferativa no tecido mamário7. Assim, quanto maior o estímulo hormonal, maior a probabilidade do aparecimento de câncer de mama, como a menarca precoce, menopausa tardia, obesidade, primeira gestação após 35 anos, uso de terapia hormonal e utilização de anticoncepcionais orais7,8.
Obesidade
Mulheres obesas apresentam níveis estrogênicos mais elevados, observado-se um aumento na incidência de câncer de mama.
Álcool
Parece haver associação entre a ingestão de álcool e o câncer de mama e estudo caso-controle mostrou ser dose dependente, ou seja, a medida que aumenta a ingestão diária, aumenta o risco para o desenvolvimento da doença9,10.
História reprodutiva
A nuliparidade tem sido associada a fator de risco para o câncer de mama, assim como as mulheres que tiveram o primeiro filho após os 35 anos. Estas apresentam um risco duas vezes maior, quando comparadas às que o fizeram antes dos 20 anos10.
Antecedente pessoal de câncer de mama
Mulheres com câncer de mama têm cinco vezes mais risco para um novo câncer de mama contralateral.
Antecedente familiar
O antecedente familiar de primeiro grau, ou seja, se a mãe ou irmã teve câncer de mama, aumenta o risco relativo em duas vezes em relação às que não apresentam antecedentes10
Câncer de mama hereditário
Aproximadamente 5 a 10% dos cânceres de mama têm uma base hereditária. Os genes BRCA1 e BRCA2 são supressores de tumor e quando alterados associam-se, a um risco maior de desenvolver câncer de mama e de ovário11.
Assim, o câncer de mama deve ser detectado precocemente, para que responda melhor ao tratamento. As formas de detecção precoce são através de: auto exame das mamas realizado por volta do décimo dia pós menstrual, a realização do exame clínico e complementar com a mamografia e ultrassonografia de mamas quando necessário.
William Davila Delgallo – Mastologista e oncologista ginecológico
Doutor em Mastologia pela Faculdade de Medicina de Botucatu
Titulado pela Sociedade Brasileira de Mastologia
Referências Bibliográficas
Veja aqui uma lista com os principais livros e publicações sobre o assunto câncer de mama e sexualidade feminina:
1- Instituto Nacional do Câncer; Ministério da Saúde. Câncer no Brasil: dados dos registros de câncer de base populacional, vol 3. Rio de Janeiro (Brasil): INCA; 2003; [ citado em 25 de outubro de 2005]. Disponível em: http// www. Inca.gov.Br/regpop/2003.
2- Pöhls UG, Renner SP, Fasching PA, Lux MP, Kreis H, Ackermann S, et al. Awareness of breast cancer incidence and risk factors among healthy women. Eur J of Can Prev. 2004;13 (4): 249-56.
3- Simon MS, Korczak JF, Yee CL, Malone KE, Ursin G, Bernisten L, et al. Breast cancer risk estimates for relatives of white and african american women with breast cancer in the women’s contraceptive and reproductive experiences study. J Clinl Oncol. 2006; 24(16): 2498-504,.
4- Nunes FLS. Esquema de diagnóstico auxiliado por computador para detecção de agrupamentos de microcalcificações por processamento de imagens mamográficas [dissertação]. São Carlos (SP): USP. Curso de Engenharia de São Carlos; 1997.
5- Pecorelli S, Favalli G, Zigliani L, Odicino F. Cancer in woman. Int J Gynecol and Obst. 2003; 82(3): 369-79.
6- Wunsch FV, Moncau JE. Cancer mortality in Brazil 1980-1995: regional patters and trends. Rev Assoc Med Bras.2002; 48 (3): 250-7.
7- Benshushan A, Brzezinski A. hormonal manipulations and breast cancer. Obstet Gynaecol Surv. 2002; 57 (5): 314-23.
8- Robert SA, Strombom I, Trentham-Dietz A, Hampton JM, McElroy JA, Newcomb PA, et al. Socieconomic risk factors for breast cancer distinguishing individual-and community-level effects. Epidemiology. 2004; 15 (4): 442-50.
9- Euhus DM. Breast cancer prevention in the 21st century: Defining the challenge. Breast J. 2006; 12 (2): 97-8
10- Ursin G, Longnecker MP, Haile RW, Greenland S. A meta-analysesof body mass index and risk of premonopausal breast cancer. Epidemiology.1995; 6: 137-41.
11- Longnecker MP. Alcoholic beverage consumpition in relation to risk of breast cancer. Cancer Causes Control. 1994; 5: 73-82.
12- Dupont WD, Parl FF, Hartmann WH, Brinton LA, Winfield AC, Worrell JA, et al. Breast cancer risk associated with proliferative breast disease end atipical hyperplasia. Cancer. 1993; 71: 1258-65.
13- Tessaro S. Epidemiologia do câncer de mama. In: Boff RA. Mastologia aplicada: abordagem multidisciplinar. 1a edição. Caxias do Sul: EDUCS; 2001. p.15-28.
14- Mant D, Vessey MP. Epidemiologia e prevenção do cancer de mama. In: Bland KI, Copeland EM. A mama: tratamento compreensivo das doenças benignas e malígnas.1a edição. São Paulo: Manole, 1994. p 265-78.
15- Bilimoria MM, Morow M. The woman at increased risk for breast câncer: evulition and management strategies. CA Cancer J Clin. 1995; 45: 263-78.
16- Willett WC, Rockhill B, Hankinson SE, Hunter BJ, Colditz GA. Epidemiologia e causas não genéticas do câncer de mama. In: Harris JR, Lippman ME, Morrow M, Osborne CK. Doenças da mama. 2a edição. Belo Horizonte (MG): Medsi, 2002. p.205-59.
17- Key TJ, VerKasalo PK, Banks E. Epidemiology of breast câncer. Lancet Oncol. 2001; 2 (3): 133-40.
18- Vogel VG, Taioli E. Have we found the ultimate risk factor for breast cancer?. J Clinl Oncol. 2006; 24 (12): 1791-4.
19- Trichhopoulos D, MacMahon B, Cole P. Menopause and breast cancer risk. J Natl cancer Inst. 1972; 48: 605-13.
20- Colditz GA, Hankinson SE, Hunter DJ, Willet WC, Manson JE, Stampfer MJ, et al. The use of estrogens and progestins and the risk of breast cancer in postmenopausal women. New Engl J Med. 1995; 332: 1589-93.
21- Gertig DM, Fletcher AS, English DR, Macinnis RJ, Hopper JL, Giles GG. Hormone terapy and breast cancer: what factors modify the association?. Menopause. 2006; 13 (2): 178-84.
22- Dupont WD, Page DL. Risk factors for breast cancer in women with proliferative breast disease. New Engl J Med. 1985; 312: 146-51.
23- Greene MH. Genetics of breast cancer. Mayo Clin Proc. 1997; 72 (1): 54-65.
24- Narod SA, Foulkes WD. BRCA1 and BRCA2: 1994 and Beyond. . Nature Reviews Cancer. 2004; 4 (9): 665-76.
25- Ford D, Easton DF, Bishop DT, Narod SA, Goldgar DE. Risks of cancer in BRCA1-mutatin carries Breast cancer Linkage Consortium. Lancet. 1994; 343: 692-95
26- Wooster R, Weber BL. Breast and ovarian cancer. New Engl J Med. 2003; 348 (23): 2339-47.
27- Krainer M, Silva-Arrieta S, FitzGerald MG, Shimada A, Ishioka C, Kanamaru R, et al. Differential contributions of BRCA1 and BRCA2 to early-onset breast cancer. New Engl J Med. 1997; 336: 1416-21.
28- Thorlacius S, Olafsdottir G, Tryggvadottir L, Neuhausen S, Jonasson JG, Tavpigian SV, et al. A single BRCA2 mutation in male and female breast cancer familes from Iceland with varied cancer. Nat Genet.1996; 13: 117-19.